Na última quinta-feira (22), a Câmara Municipal de Juazeiro do Norte aprovou, por unanimidade, um projeto de lei que reconhece oficialmente a prática do “grau” de moto — manobras em que o piloto levanta a roda dianteira da motocicleta — como uma modalidade esportiva no município.

A proposta polêmica foi apresentada pelo vereador José Lucas Alves Ferreira, conhecido como Lucão (PSDB), que defendeu que, ao ser regulamentada, a prática pode ser realizada de forma segura e organizada, tirando jovens das ruas e levando-os para ambientes apropriados.

Após a aprovação na Câmara, o projeto segue agora para a análise do prefeito de Juazeiro do Norte, Glêdson Bezerra (Podemos), que terá a palavra final: sancionar ou vetar a proposta.

Regras Para Quem Quiser Praticar Grau de Moto Legalmente:

• 🚨 Equipamentos obrigatórios: uso de capacete e todos os itens de segurança previstos no Código de Trânsito Brasileiro (Lei nº 9.503/1997 – CTB).
• 🏍️ Moto regularizada: sem dívidas, com IPVA, licenciamento e documentos em dia.
• 🪪 Habilitação válida: CNH, permissão para dirigir ou autorização para ciclomotor.
• 📋 Cadastro na prefeitura: será necessário se registrar em um local que ainda será definido, para controle e organização do esporte.
• 🚫 Proibido nas ruas: o projeto não autoriza realizar manobras em vias públicas, como ruas, avenidas ou estradas. Isso continua sendo crime de trânsito, de acordo com o CTB.

Os Perigos da Prática e Uma Reflexão Necessária

Infelizmente, o empinamento de motos tem sido associado a acidentes fatais, traumas graves e até à ocupação indevida de espaços públicos, onde muitas vezes jovens colocam suas próprias vidas e as de outros em risco por diversão ou status social.

Esse tipo de comportamento, muitas vezes romantizado nas redes sociais, também reflete um problema mais profundo: a falta de acesso da juventude a espaços de lazer, esporte e cultura. Quando não há investimento suficiente em políticas públicas que incluam os jovens em atividades construtivas, cresce o apelo por práticas de risco, como o “grau”, que acaba se tornando uma válvula de escape.

O caminho para evitar o declínio da juventude brasileira não está em normalizar práticas perigosas, mas sim em oferecer educação de qualidade, esporte acessível, cultura e oportunidades reais de desenvolvimento pessoal e profissional.

Que essa proposta, se aprovada, sirva não para incentivar o risco, mas para criar espaços seguros, com responsabilidade e formação cidadã — e, acima de tudo, que não se confunda liberdade com imprudência.